terça-feira, 24 de novembro de 2015

na boca da floresta...

    Projeto the jungle art experience, Priscila Pinto, 2015

na boca da floresta,
eu peço licença
pra poder entrar.
segundo silente:
eu prendo o ar
e me deixo levar...

(priscilapinto, 2015)



je ne sais pas...

eu te amo
ou te odeio?
não sei mais...
aah, i love you...
no, no, wait :
i hate you!!!
is this love?!
ooh, je t´aime!
je ne sais pas...
oui, je t´aime!
je ne sais pas...

(priscilapinto, 2015)

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

o jardim da artista

      Sem título, o Jardim da Artista, Priscila Pinto, 2010


o jardim que plantei em mim
se faz de cores inventadas,
de primaveras que juntei todas
e misturei num copo do mundo.
meu jardim é assim : belo e estranho,
pequeno e também imenso,
cabe nos cantos de tudo
e não está em lugar nenhum...
o jardim que sonhei para mim
é uma verdade imaginária,
um refúgio, um bálsamo,
um espaço impensável
de uma botânica fantástica
que existe sem nem existir.
minhas flores e folhagens,
minha terra enriquecida,
meus elementos queridos
de formas estilizadas...
ah, jardim de mil faces
mostra-te inteiro, enfim!

(priscilapinto, 2010)

cogumelos me levam...


                       
                                                           Sem título, série Notas de um lugar, Priscila Pinto, 2008


do meu lugar colho sonhos:
as flores não são apenas flores...
cogumelos me levam...
tudo que vejo pode ser transformado no que desejo:
folhas de espécies diversas, formas que nem sabia,
emaranhado de linhas que embola a imaginação,
coisinhas pequenas, coloridas, luminosas...
a busca pelo meu lugar é espiritual:
é a imensidão do espaço compreendida
na expansão ilimitada de minha alma...

(priscilapinto, 2008)

sobre florzinhas e criaturas...

     Projeto Jungle experience, Priscila Pinto, 2015

acho que não sei mais
fazer coisa fofuchinha,
só pintar umas florzinhas...
tão fácil e meigo de se fazer,
mais fácil ainda de se admirar,
e até mesmo de se vender...
mas não sei mais ser assim,
toda cheia de denguinho...
talvez tenha embrutecido
(ou me achado e me perdido?)
no meio desse caos vital,
o que resta é o que restará:
a insustentabilidade de ser
uma doce moça previsível,
enquanto domo um furacão
no peito, dormente vulcão;
alguma coisa fora da norma,
um tanto torta, indefinida,
sem tamanho, sem medida,
que me afasta; e, escondida,
toma distância da multidão.
prefiro lidar com as criaturas,
floresta úmida, mato adentro,
linhas, formas, som do vento:
raízes grossas, galhos secos,
pedras, tocos, corre o tempo,
nascem calos, firo as mãos,
carrego peso, vou ao chão...
e encontro, por um instante,
paz fugaz no meu coração...

(priscilapinto, 2015)



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

arte-vida,vida-arte...

arte-vida,vida-arte...
como se uma
pertencesse a outra
do início ao fim...
arte-vida, vida-arte:
só pode ser assim!
(priscilapinto, 2015)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

sobre as tragédias do mundo...

os dedos travam, estremeço: só vejo sangue e lama!
uma tragédia atrás da outra, sem pausa para respirar.
juro, tentei escrever um poema, mas só consigo chorar...

(priscilapinto, 2015)

sábado, 14 de novembro de 2015

chuva

e ela veio hoje cedo,
bem de manhãzinha,
antes dos passarinhos,
antes do brilho do sol,
refrescando a gente,
cantando no telhado,
lavando a maldade,
alegrando a cidade,
molhando seu chão
tão seco de tanto pó!
saudade da chuva,
do cheiro do mato,
da terra umedecida
prenúncio de lama,
pegadas pela casa,
pano de chão a postos:
lar movimentado,
dia abençoado!
(priscilapinto, 2015)

queimadas

queima a amazônia!
insônia na madrugada.
mas quem se importa,
se é só fechar a porta
e fingir que não é nada?

(priscilapinto, 2015)

teia sobre folha

a teia de aranha após a chuva
costura com luz o tecido verde...
(priscilapinto, 2015)

árvore e céu

linhas cortando o azul:
árvore seca ao infinito...
(priscilapinto, 2015)

colher de pau amazônica

Colher de pau amazônica, 2012

jambu,murupi,tucupi.
manobra da cobra,
deleite do peixe...
(priscilapinto, colher de pau amazônica, 2012)




mais verde e menos cinza

 
Jardim-luz, da série O Jardim da Artista II, 2012

manaus,
mais verde e menos cinza!
é o que sempre te desejo
não só hoje, mas toda vida,
a tua e a minha, nossa vida...
por que tudo é interligado:
bichos e plantas e gente,
mesmo espaço sagrado
dos habitantes do mundo...
enquanto seres viventes,
a cidade também nos habita,
habitemo-nos, pois, sabiamente!
que a estupidez não seja o fim,
que a cidade se encha de cor,
de árvores, um imenso jardim,
sonho úmido e luz difusa,
um canto para acalentar
a nossa alma tão cansada,
não uma casa encimentada,
não uma casa esfumaçada!...
(priscilapinto, pelo aniversário de manaus, 2015)


quem é você?

quem é você
que acha que sabe
do meu quintal?
quem é você
que fala do meu quintal?
não sabe da cor, nem do som,
nem do cheiro ou da luz;
não sabe do riso ou do tom
do invisível que seduz...
quem é você
que fala sem pertencer?
quem é você ?
...
(to be continued...priscilapinto, 2015)

linhas

as linhas se espalham
vão do chão à parede: 
o que nos liga dentro/fora? 
a trama se desenrola: é rede!
(priscilapinto, 2015)

A/TEAR!

ATEAR!
ateia fogo na teia:
e a vida se incendeia...
mas quem ateia não se atém:
não sobrará mais ninguém
no lugar que se clareia;
e nada crescerá, além
de madrugadas sujas.
O TEAR:
as linhas se entrelaçam
no mesmo compasso,
estabelecendo laços,
pois tudo é uma coisa só,
pois tudo é um nada só:
a gente devora a árvore,
mastiga com dentes de aço,
a cidade engole a floresta
almejando mais espaço.
ATÉ/AR...
até perder o ar, o ar
em meio às camadas gris,
parar de respirar, respirar,
pintura monocromática,
sufocamento dos sentidos,
escala embaçada de cinza:
é a nossa vida que finda?
ou há esperança ainda?
(poema/conceito para a instalação A/TEAR, priscilapinto, 2015)